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- Legislação [Lei Nº 3563 de 18 de Abril de 2007]
Art. 1º.
Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.
§ 1º
Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social.
§ 2º
A outorga da qualificação prevista neste artigo é o ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.
Art. 2º.
Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
I
–
as sociedades comerciais;
II
–
os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;
III
–
as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
IV
–
as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V
–
as entidades de beneficio mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
VI
–
as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
VII
–
as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
VIII
–
as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX
–
as organizações sociais;
X
–
as cooperativas;
XI
–
as fundações públicas;
XII
–
as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
XIII
–
as organizações creditícias que tenham quaisquer tipos de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
Art. 3º.
A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I
–
promoção da assistência social;
II
–
promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III
–
promoção da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
IV
–
promoção da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
V
–
promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI
–
defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII
–
promoção do voluntariado;
VIII
–
promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
IX
–
experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
X
–
promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
XI
–
promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;
XII
–
estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimento técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.
Parágrafo único
Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.
Art. 4º.
Atendido o disposto no art. 3°, exige-se ainda, para qualificarem- se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos cujas normas expressamente disponham sobre:
I
–
observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência;
II
–
a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no respectivo processo decisório;
III
–
a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade:
IV
–
a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio liquido será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social da extinta;
V
–
a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social;
VI
–
a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região correspondente a sua área de atuação;
VII
–
as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão, no mínimo:
a)
a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
b)
que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se s certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-as a disposição para exame de qualquer cidadão;
c)
a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independente se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;
d)
a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal e, a normas municipais vigentes.
Parágrafo único
É permitida a participação de servidores públicos na composição de conselho de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, vedada a percepção de remuneração ou subsídio, a qualquer título.
Art. 5º.
Cumpridos os requisitos dos arts. 3o e 4o desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, interessada em obter a qualificação instituída por esta Lei, deverá formular requerimento escrito a Secretaria de Política de Assistência Social, instruído com cópias autenticadas dos seguintes documentos:
I
–
estatuto registrado em cartório;
II
–
ata de eleição de sua atual diretoria;
III
–
balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;
IV
–
declaração de isenção do imposto de renda;
V
–
inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes.
Art. 6º.
Perde-se a qualificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, a pedido ou mediante decisão proferida em processo administrativo ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público, no qual serão assegurados, ampla defesa e o devido contraditório.
Art. 7º.
Vedado o anonimato, e desde que amparado por fundadas evidências de erro ou fraude, qualquer cidadão, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, é parte legitima para requerer, judicial ou administrativamente, a perda da qualificação instituída por esta Lei.
Art. 8º.
Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público Municipal e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no art. 3o desta Lei.
Art. 9º.
O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público Municipal e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias.
Parágrafo único
São cláusulas essenciais do Termo de Parceria:
I
–
a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;
II
–
a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução ou cronograma;
III
–
a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado;
IV
–
a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento, estipulando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e o detalhamento das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou vinculados ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados e consultores;
V
–
a que estabelece as obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as quais a de apresentar ao Poder Público, ao termino de cada exercício, relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo especifico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados, independente das previsões mencionadas no inciso
VI
–
a de publicação, na imprensa oficial do Município, conforme o alcance das atividades celebradas entre o órgão parceiro e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, de extrato do Termo de Parceria e de Lei, contendo os dados principais da documentação obrigatória do inciso V, sob pena de não liberação dos recursos previstos no termo de Parceria.
Art. 10.
A execução do objeto do Termo de Parceria será acompanhada e fiscalizada por órgão do Poder Público Municipal da área de atuação correspondente à atividade fomentada.
§ 1º
Os recursos atingidos com a execução do Termo de Parceria devem ser analisados por comissão de avaliação, composta de comum acordo entre o órgão parceiro e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
§ 2º
A comissão encaminhará à autoridade competente relatório conclusivo sobre a avaliação procedida.
§ 3º
Os Termos de Parceria destinados as fomento de atividades nas áreas de que trata esta Lei estarão sujeitos aos mecanismos de controle social previstos na legislação.
Art. 11.
Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública pela organização parceira, darão imediata ciência ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade solidária.
Art. 12.
A organização parceira fará publicar, no máximo de trinta dias, contando da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público Municipal, observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei.
Art. 13.
Caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da celebração do Termo de Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade.
Art. 14.
É vedada às entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público a participação em campanhas de interesse político- partidário ou eleitorais, sob quaisquer meios ou formas.
Art. 15.
Ficam convalidados os Termos de Parceria celebrados, até esta data, entre o município e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público qualificadas nos termos da Lei Federal n.o 9.790, de 23 de março de 1999.
Parágrafo único
Fica outorgada, automaticamente, a qualificação prevista nesta Lei, às Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público qualificadas nos termos da Lei Federal n.o 9.790, de 23 de março de 1999 e, que tenham firmado Termo de Parceria com o Município até a presente data.
Art. 16.
A gestão de programas municipais, estaduais e federais, será operacionalizada preferencialmente por Oscip's por meio de trabalho voluntário, sendo concedida indenização aos voluntários em valores pré-fixados.
Art. 17.
O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de trinta dias.
Art. 18.
Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 19.
Revogam-se as disposições em contrário.